sexta-feira, 25 de março de 2016

Reflexões sobre a fala das ruas

Cesar Vanucci

“Diálogo à exaustão!”
(Aconselhamento da CNBB)

A mensagem das ruas foi de clareza solar. As lideranças políticas e as dos outros setores com reconhecida influência decisória na vida nacional não podem se furtar, jeito maneira, ao dever de assimilá-la em suas propostas essenciais. Elas exprimem o sentimento popular.

Os métodos de fazer política estão sendo veementemente questionados. A mesma contestação se aplica aos privilégios oligárquicos originários de nefastos conluios de agentes públicos inidôneos com gananciosos e inescrupulosos empreendedores da iniciativa privada. Das cabeças pensantes mais lúcidas, verdadeiramente comprometidas com as grandes causas, temos os brasileiros o direito de aguardar, tomados de generosa expectativa, posicionamento capaz de amortecer os impulsos negativos da crise. E cumulativamente constituir ambiente favorável à efetivação das mudanças fundamentais nos processos de gestão da coisa pública, tão reclamadas pela sociedade.

Importa, nesta hora, reconhecer as virtualidades incomparáveis da índole brasileira. Essas virtualidades foram postas à prova, mais uma vez. O tom vibrantemente pacífico das passeatas, as palavras de ordem diversificadas intensamente propagadas, o exercício amplo e irrestrito da liberdade de expressão compuseram um cenário formidável de pujança democrática. O que se desvelou serenamente aos olhares gerais, atrás do clamor ouvido, foi novo e retumbante brado de esperança.

O contexto político atual confere reluzente oportunidade à convocação feita, a dirigentes políticos de todos os matizes, pela respeitada Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Anunciando apoio às manifestações populares e frisando que “adversários políticos não podem se tornar inimigos”, a entidade proclamou que o Brasil anda precisado de “diálogo à exaustão”. Revelando preocupações com a ausência de valores éticos e morais na “crise política econômica institucional”, a CNBB assinala também ser dever do Congresso Nacional e dos partidos políticos “fortificar a governabilidade”. O momento, diz ainda, “não é de acirrar ânimos”. Faz-se necessário que as pessoas não percam o bom senso, “querendo defender suas opiniões de forma tão veemente que acabam se esquecendo do respeito aos outros e, assim, ferindo-se mutuamente”. Palavras lúcidas e sensatas, as dos Prelados! Servem de balizamento para as atitudes dos interessados nas soluções dos problemas que nos afligem.

Outra contribuição oportuna para que sejam dissipadas compreensíveis ansiedades e angústias, nascidas do desejo de que as mudanças comportamentais demandadas se processem em ritmo mais acelerado, provém da sabedoria oriental. O ensinamento é do guru indiano Sai Baba. Procuremos adaptá-lo à realidade brasileira. Ao nos deparar com os resultados produzidos pelo satisfatório funcionamento de nossas instituições democráticas no combate a malfeitos sistemáticos, poderemos ser levados, equivocadamente, a inferir que tudo está perdido. Estaríamos atravessando momento de asfixiante penumbra. Que tal mudar o enfoque para admitir que, ao contrário, este momento é de luminosidade? Aqui está, para reflexão,  registro comparativo sugestivo. A troca de uma lâmpada de 40 watts por outra de 100 watts no quarto de despejo leva-nos a enxergar no lugar sinais de desordem e de sujeira que nem de leve imaginaríamos existir. A luminosidade abundante, derivada de uma mudança de patamar da consciência, tem o condão de expandir a percepção para engodos, ilusões, por aí... Chama atenção pra coisas que não vinham sendo lançadas nos sacos de lixo, mas empurradas pra debaixo do tapete. Estamos sendo convocados, neste instante, a fazer arrumação no quarto de despejo. O bom senso aconselha aprender a assimilar em plenitude esta positiva vibração energética. Isso aí!

Notícias ligeiras

Cesar Vanucci

“Recuso-me a acreditar nas notícias...”
(Henriqueta Lisboa, 1901-1985)

O ranking das mentes científicas mais influentes deste mundo de Deus, povoado por 7,5 bilhões de seres humanos, aponta os nomes de quatro brasileiros: Ado Jório, Adriano Nunes-Nesi, Alvaro Avezum e Paulo Artaxo. Os dois primeiros atuam em Minas. Jório é da área de física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Adriano faz parte do corpo de pesquisadores da área de ciências das plantas e dos animais da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Avezum trabalha em medicina clínica no Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese e Antaxo no departamento de física da Universidade de São Paulo (USP).
Este fato extraordinário, merecedor de todos os aplausos e louvores, foi laconicamente registrado em notas de pé de página, em letra bem miúda, no noticiário nosso de cada dia. Em debochado contraste – assinale-se – com a divulgação estardalhante que, dia sim, outro também, a mídia impressa e televisiva reserva para os conflitos existenciais e os gloriosos feitos dos célebres ocupantes da casa do “Big Brother Brasil”..., minha nossa!

Naná Vasconcelos. No ver dos críticos, era o melhor percussionista do mundo. Abiscoitou por oito vezes o “Grammy” e outros laureis internacionais. Usava da arte para promover mudanças sociais relevantes. Um de seus projetos, o “Língua Mãe”, beneficiou crianças carentes no Brasil e países latino-americanos, europeus e africanos. O nome deste patrício brilhante, pernambucano, 71 anos, vítima de câncer, que acaba de nos deixar, era Naná Vasconcelos.

O mosquito-vilão. Ninguém provido de juízo e bom senso cometerá, com certeza, a insensatez de recusar apoio às recomendações das autoridades sanitárias pertinentes ao combate do incômodo mosquito apontado como transmissor dos vírus da zika, dengue, chicungunya e de outros malefícios ainda por serem devidamente classificados. Mas, de outra parte, não há como fugir à constatação de que no espírito popular ganha consistência uma certa perplexidade com relação a essa súbita elevação do grau de periculosidade atribuído a um inseto que sempre circulou solto por aí sem causar aparentemente os transtornos que lhe são agora debitados. Fica-se com a sensação de que, nessa engrenagem toda de divulgação montada para alertar a população, em centenas de países, dos riscos produzidos pelo vilão do momento em matéria de saúde pública, andam faltando peças fundamentais pra encaixar no quebra-cabeça armado, de modo a garantir possa ser decifrado por inteiro.

O barulho. Uma grande amiga com realçante participação na vida literária, integrante do reduzido, posto que leal, quadro de leitores deste desajeitado escriba, encaminhou-me texto poético de William Morris bastante apropriado para o momento: Vejam se não é mesmo assim: “Que é isso, esse som e barulho? / Que é isso que todos ouvem, / Como o vento em vales ocos quando a tempestade se aproxima, / Como o rolar do oceano no anoitecer do medo? / É o povo em marcha...”

Notícias. De um poema (“Pousada do Ser”), de Henriqueta Lisboa, selecionado por Paulo Rónai para seu “Dicionário de Citações”: “Recuso-me acreditar nas notícias / mas elas se impõem de cátedra / com implacável desfaçatez / talvez para convencer-nos / de que somos todos culpados.”


sábado, 12 de março de 2016

Celebração do Centenário do Lions

Cesar Vanucci

“Um rompimento da barragem das mais autênticas emoções.”
(Definição de Aloisio José Fidalgo a respeito dos atos cívicos e culturais realizados no Teatro Francisco Nunes)

Um turbilhão de emoções marcou o tríduo dos atos cívicos e culturais alusivos à celebração do centenário do Lions Clube. A Governadoria do Distrito LC-4, sediada em Belo Horizonte com jurisdição estendida a boa parte do território mineiro, a Academia Mineira de Leonismo, braço cultural do Lions, e os clubes da área esmeraram na estruturação do programa das comemorações.

Entre os dias 22 e 24 de fevereiro, o majestoso Teatro Francisco Nunes, Belo Horizonte, acolheu plateias entusiásticas, que praticamente lotaram as dependências reservadas aos espectadores, nos espetáculos de elevado conteúdo cívico e cultural e de requintado padrão artístico levados a cena.

Inspirada no Tema “O Brasil de todos nós – o papel do Imigrante no esforço de construção nacional”, a efeméride histórica festejada pelo maior clube de prestação de serviços do mundo contou com o apoio de organizações públicas e privadas de relevante presença na paisagem comunitária. Entre elas, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, Sistema Fiemg/Sesi, Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Associação Comercial e Empresarial de Minas, Sindicato dos Jornalistas de MG, Sindicato dos Artistas de Minas, Rede Minas de Televisão, Diário do Comércio, Rádio Inconfidência, Associação Mineira de Cultura Nipo-brasileira, Associação Cultura Ítalo-brasileira de Minas Gerais, Centro da Comunidade Ítalo-brasileira, Conselho de Residentes Espanhóis e Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos.

O Festival de Arte preparado para a ocasião abrangeu, nas três noites, apresentações artísticas arrebatantes. O Coral Lírico de Minas Gerais abriu a sequência de atrações. O Grupo Folclórico Gil Vicente, de dança, e o Coral Luís de Camões representaram a cultura artística portuguesa. Mamour Ba representou a cultura africana. A demonstração da arte musical italiana esteve a cargo do grupo folclórico “La Sereníssima”. O “Studio Brigitte Bacha” encarregou-se das representações coreográficas árabes, bem como do espetáculo intitulado “Dança da Paz”, na sessão de encerramento. A dança espanhola foi mostrada pelo grupo “Flamenco Gadir”. Os grupos Sumiré, Arte Marcial Kendó e Raiki Daiko (tambores) responderam pelas manifestações de arte japonesas. O saxofonista Fabiano Martins e o pianista Frederico Natalino interpretaram peças da MPB, enquanto o Coral do Sesiminas, no último recital do programa, apresentou repertório composto de melodias típicas de diferentes culturas.

A parte cultural consistiu em aplaudidas palestras do Secretário da Cultura Ângelo Oswaldo, discorrendo sobre o tema “O Imigrante no processo de construção nacional”, e da diretora da ACMinas Mônica Cordeiro, que lançou  projeto, sob sua coordenação,  referente à internacionalização de BH. Tradicional nas assembleias do Lions, a “Invocação a Deus” foi proferida por Nancy Maura Couto Konstantin, Beatriz Carvalho Capelão e Carmem Lúcia Redoan, governadora do LC-4, nas sessões dos dias 22, 23 e 24.

O ex-Diretor Internacional do Lions Sebastião Braga e o presidente da Academia Mineira de Leonismo, coordenador geral da programação do Centenário, Cesar Vanucci, fizeram pronunciamentos, no evento de encerramento. Representando o deputado Adalclever Lopes, presidente da Assembleia Legislativa de MG, o deputado Agostinho Patrus Filho também fez uso da palavra na ocasião. Decano entre os homenageados, com seus 93 anos de idade, o Imigrante lusitano Virgolino Pereira Vilhena agradeceu em nome dos companheiros agraciados. Com marcantes desempenhos, os “companheiros leões” Leandro Raphael Alves Nascimento e Juliana Clemente Furtado, Márcio dos Santos Gomes e Maria Inês Pereira de Almeida, atuaram como Mestres de Cerimônia nas festividades da segunda e terça feiras. A condução dos trabalhos na quarta-feira foi atribuída a duas figuras representativas da cultura artística e da comunicação social, a famosa apresentadora de televisão Roberta Zampetti, da RedeMinas, e a consagrada atriz teatral Magdalena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Artistas.

As pessoas que compareceram às assembleias se deleitaram com o que viram e ouviram. Uma delas confessando-se encantada com as atrações ricas em colorido e ritmos exibidas no festival de arte, resumiu em sugestiva frase a vigorosa impressão gravada no espírito do público: “Os aplausos e brados da plateia mostraram que houve, de fato, um desbordamento de júbilo e entusiasmo. Um rompimento da barragem das emoções mais autênticas.” Acrescentou, aparentemente sem intenção de trocadilho: “Este (rompimento de barragem), vale...”


Lions homenageia 50 Imigrantes

Cesar Vanucci

“O exemplo é escola viva.”
(Antônio Luiz da Costa, educador)

Na empolgante sequência de atos cívicos e culturais que assinalou o início das comemorações de seu centenário, tão fecundo em realizações, o Lions Clube homenageou em Minas Gerais 50 Imigrantes de 14 diferentes nacionalidades. Dos troféus instituídos em razão dessa carinhosa manifestação de apreço, oito se destinaram a festejar a memória de cidadãos que “partiram primeiro”, deixando as pegadas impressas nos caminhos percorridos pela comunidade, ao longo dos anos, na construção do desenvolvimento cultural, social e econômico.

Os agraciados na condição acima sublinhada, todos com relevantes serviços em diferentes áreas de atuação no Estado, foram os saudosos Valentin Bahillo Cuadrado, espanhol, filósofo, antigo professor do Colégio Santo Agostinho; George Chalmers, inglês, que dirigiu por 40 anos a Mina de Morro Velho em Nova Lima; Lion Cohen, israelense, rabino e educador; Francisco Gaetani, italiano, empresário; Akio Yokoyama, japonês, introdutor do karatê no Brasil e em outros países da América; Eliazs Ishac Joukhadar, libanês, empresário; João Pereira da Silva, português, ex-integrante da Academia Municipalista de Letras de Minas; Antônio Cadar, antigo Cônsul da Síria em Minas, cujo nome figura em placas de rua e de estabelecimentos educacionais.

Outros 42 homenageados, representando legião numerosa de personagens nascidos em outras plagas que se radicaram em Minas e se incorporaram com seus feitos à história do nosso desenvolvimento econômico e social, foram indicados, a exemplo dos já citados, pelos Clubes de Lions e por associações representativas da cultura de diferentes nacionalidades. A lista, por país, abrangeu ilustres nomes. A saber: Argentina - Betina Belomo e Orlando Orube, ambos do meio artístico; Áustria - Gunter Bammer, do setor de equipamentos têxteis; Bolívia - Felipe Fernandez Riveroz, profissional da odontologia; Chile - Juan Antônio Fuentes Parede e Lillian Alicia Geoffroy Bugmann, ele engenheiro mecânico, ela dirigente da Apae; Espanha - Antônio Cardiel Luna, técnico mecânico, Aurea Piñon Bouzas, presidente do Grêmio Espanhol,  Claudio Alvarez Lourenço, administrador de empresas, Júlia Roca Domingues, profissional de alta costura, Maria Imaculada Cardiel Roca, educadora, Miguel Gamallo Monteagudo, dirigente do Grêmio Espanhol; Estados Unidos - Maxiné T. McClellan, especialista em treinamento corporativo intercultural, Robert Thomas Colombo, engenheiro; Inglaterra - Judith Robbe, líder comunitária; Israel - Henry Katina, nascido na Romênia, empresário, sobrevivente do holocausto; Itália - Anselmo Marcelo Vallerotonda, técnico em eletricidade, Mario Araldi, engenheiro (foi assistente do prêmio Nobel Giulio Natta) e empresário, Pietro Sportelli, dirigente de onze empresas no ramo industrial, Raffaele Peano, administrador de empresas e presidente da Associação Cultural Italo-brasileira, Tommaso Raso, especialista em estudos linguísticos, Umberto Cerri, fotografo; Japão - Akihide Takane, empresário no setor da floricultura, Eiko Oshiko Massanaga, profissional no ramo da estética, Takasuke Esaki, hortigranjeiro, Tomi Oshiko, também do setor hortigranjeiro, Yuji Yamada, prefeito de Janaúba, maior produtor individual de banana no mundo; Líbano - Brigitte Boutros Bacha, regente de grupo artístico árabe; Filomena Hajjard Haddad, especialista em gastronomia, Michel Bittar, pároco da Igreja Maronita, Souad Daoud Mitri, empresária; Portugal – Adalberto Augusto Ferreira Capelão, empresário, Álvaro Alves Nunes Fernandes, empresário, Antônio Andrade Mendes, advogado e empresário, Antônio Augusto dos Santos Nunes, químico industrial, Maria José Gonçalves da Silva, divulgadora da arte musical lusa, Virgolino Pereira Vilhena, escritor, poeta, preso político na ditadura salazarista; Senegal - Ibrahima Gaye, diretor do Centro Cultural Casa África, Mamour Ba, divulgador da arte musical africana; Síria - Habsen Adul Latife, especialista em arte culinária; Jaber Barakat, empresário, Najwa Seif Safar, especialista no ensino de árabe.

A leitura, debaixo de fortes aplausos, dos mini currículos de cada um deles na festa de entrega dos troféus do Lions proporcionou ao enorme público reunido no Chico Nunes oportunidade especial para conhecer uma sucessão de histórias pessoais edificantes, lições de vida admiráveis.


As certezas de uma comemoração histórica

Cesar Vanucci

“No entanto, não há nada mais brasileiro que um brasileiro.”
(Fernando Sabino)

No dia 24 de fevereiro de 2016, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte, por ocasião da festa de celebração do Centenário do Lions, falando em nome dos promotores do evento, pronunciei as palavras abaixo registradas.

“Festa solene de celebração da vida, esta feérica sequência de atos cívicos e culturais promovida pelo Lions Clube é repleta de reconfortantes certezas. E isso se reveste de singular significado neste momento humano esfomeado e sedento de amor, marcado por tantas incongruências, indefinições e descomunais incertezas.

Estas revigorantes certezas advêm de nossas crenças nos valores humanísticos e espirituais que permeiam as ações do Movimento Leonistico ao longo de sua fecunda trajetória centenária. São valores que bebem inspirações na mensagem de serena e eterna beleza que chega do fundo e do alto dos tempos. Conferem sentido e dignidade à fascinante, posto que perturbadora, aventura humana.

O que aqui fazemos questão de proclamar, baseados nas lições de vida contempladas na galeria dos homenageados, Imigrantes provindos de tantas plagas diferentes; no labor criativo de homens e mulheres de boa vontade engajados no esforço de construção humana, é a certeza de que sem a prática ardente da solidariedade social; fora do ideal da confraternização universal, do respeito aos direitos fundamentais, não haverá jamais salvação para este nosso mundo velho de guerra sem porteira.

Acreditamos na Democracia como um regime de saudável convivência e não de execrável exclusão. Reconhecemos no Ecumenismo proposta insubstituível de garantir a pluralidade das ideias, instrumento eficaz no combate às intolerâncias, aos ódios fratricidas nascidos das divergências de opiniões. Abominamos as guerras do terror e o terror das guerras. Condenamos o racismo e todas as outras modalidades odiosas de discriminação que tanta infelicidade propagam. Criticamos as farsas geopolíticas ditadas pelas ambições hegemônicas de alguns governantes de países poderosos. Comungamos do anseio universal de que a humanidade possa encontrar, algum dia próximo de nós, formulação mais justa no partilhamento das riquezas universais, de maneira a reduzir as gritantes desigualdades sociais destes confusos tempos.

Falamos, na verdade, a mesma linguagem das multidões aglutinadas em tudo quanto é canto em torno dos ideais da paz, multidões ávidas por transformações que alterem para melhor os padrões do bem estar social vigentes.

Aqui estamos, por conseguinte, expressando confiança e fé no futuro de nosso planeta; desta nossa pátria terrena que se nos é concedida como morada provisória de todos nós, seres providos de alma revestida de indumentária física. Manifestamos, igualmente, confiança e fé no futuro do país em que nascemos, no qual vivemos; no país que alguns de nós aqui presentes resolvemos adotar como segunda pátria.

Este Brasil das utopias positivas é de todos nós! Este nosso Brasil oferece ao mundo eloquentes exemplos de boa convivência e boa vizinhança. Este Brasil sabe acolher com espírito fraternal Imigrantes de todas as latitudes.

Este Brasil negro, mulato, amarelo, caboclo, branco, de idioma único, de assimilação cultural fácil, bonito pela própria natureza, como diz a canção popular, aprendeu a cultivar concepção poética e solidária da vida; sabe vislumbrar, com seu jeitinho especial de ver as coisas do mundo, ocasiões de esperança, mesmo em instantes de adversidade.

O que aqui estamos celebrando, Senhores e Senhoras, é a certeza contida na sabedoria poética de Raul de Leoni, um dos principais vultos da fala lírica brasileira, quando explica que “o sentido da vida e o seu arcano é a aspiração de ser divino no supremo prazer de ser humano”. Palavra de Leão!”


Imagens da memorável festa 
promovida pelo Lions

São flagrantes colhidos nos atos cívicos e culturais realizados nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro passado, no majestoso Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte.
O mosaico de fotos foi organizado pelo Acadêmico Augusto Cesar Soares dos Santos.
CENTENÁRIO DO LIONS, EVENTOS DE 22.02.16
O BRASIL DE TODOS NÓS!


- PALESTRA MÁGNA DO SECRETÁRIO DE CULTURA DE MINAS GERAIS DR. ÂNGELO OSWALDO;

- FESTIVAL DE ARTE: CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS;

- DANÇA PORTUGUESA - GRUPO FLOCLÓRICO GIL VICENTE;

- MÚSICA PORTUGUESA - CORAL LUIS DE CAMÕES;

- MÚSICA AFRICANA - CONEXÃO TRIBAL (MAMOUR BA).

- DANÇA ITALIANA - GRUPO FOLCLÓRICO TARANTOLOTO







 CENTENÁRIO DO LIONS, EVENTOS DE 23.02.16
O BRASIL DE TODOS NÓS!

Palestra de Diretora da ACM - 

Dra. Mônica Cordeiro sobre 

"Internacionalização de Belo Horizonte"


Festival de Arte

Dança do ventre - Studio Brigite Bacha;

Dança Espanhola - Flamenco Gadir;

Dança Folclórica Árabe - Studio Brigite Bacha;

Dança folclórica Japonesa - Grupo Sumiré;

Demonstração de Arte Marcial Kendó";

Tambores Taiko - Grupo Raiki Daiko






CENTENÁRIO DO LIONS, EVENTOS DE 24.02.16
O BRASIL DE TODOS NÓS!

Homenageados de 14 nacionalidades

O Brasil de todos nós!

O Papel do Imigrante no processo de 

Construção Nacional!












sexta-feira, 4 de março de 2016

Crise econômica mundial

Cesar Vanucci

“Fatores domésticos manjados e deplorados concorrem para a crise econômica brasileira. Mas não se pode ignorar, também, a circunstância de que a crise mundial afeta a vida nacional.”
(Antônio Luiz da Costa, educador)


Ao nos louvarmos no que as manchetes e as colunas econômicas habitualmente propalam, o Brasil anda mal o tempo todo em matéria econômica. Em contraste, por sinal, com a relativamente bem sucedida performance econômica dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Não existiriam lá fora, ao contrário do que estaria acontecendo aqui dentro, sinais tão pronunciados de fragilidade econômico-financeira com riscos de impacto negativo na economia geral.

As revelações de que nas primeiras seis semanas do ano em curso, em tudo quanto é canto do planeta, as bolsas despencaram, acusando o pior desempenho de um inicio de ano de todos os tempos (incluído aí o próprio período da chamada “grande depressão”) não são de molde a alterar em nada as doutas avaliações circulantes na mídia. A crise brasileira seria um fenômeno quase que isolado no contexto mundial. Não estaria sujeita a qualquer fator de influência externa...

A circunstância de que, inesperadamente, da noite pro dia, como resultado  do frenético e enigmático jogo das bolsas, evaporou-se soma equivalente a 24 trilhões de reais, praticamente duas vezes a riqueza bruta nacional, não estimulou analistas conceituados a reverem os conceitos. A admitirem  ligeiríssima possibilidade de que a conjuntura internacional possa estar, de alguma maneira, acrescida das manjadíssimas distorções comportamentais domésticas, afetando as atividades econômicas brasileiras neste momento. Difícil supor que um esquema desses, com tais características de informação incompleta ou de desinformação, não decorra de uma disposição clara, sabe-se lá com que propósitos, de má vontade rematada com relação às coisas nossas.

Há no ar indícios sólidos de enfraquecimento das estruturas financeiras internacionais. Inevitável associar alguns perturbadores dados da atualidade a situações vividas na crise de 2008 que tantos estragos deixou. Naquela ocasião, como se recorda, os governos estadunidense e europeu viram-se obrigados a injetar recursos astronômicos nas instituições financeiras envolvidas nas ações fraudulentas detectadas, impedindo com essa emergencial ajuda que a debacle econômica se tornasse ainda mais contundente.

Alguns dos indícios das fragilidades presentes do sistema econômico podem ser colhidos nos números constantes de estudos divulgados por organismos internacionais que acompanham a atuação das instituições bancárias. Num quadro demonstrativo do comportamento recente das 21 maiores organizações bancárias norte-americanas e europeias é assinalado que todas essas organizações, sem exceção alguma, sofreram quedas acionárias vertiginosas nas bolsas de todo o mundo em apenas um mês. Ativos fabulosos foram reduzidos quase à metade, em curtíssimo período,.

Alinhamos na sequência alguns exemplos. O Unicredit da Itália sofreu desvalorização assustadora: 41.6%. A desvalorização das ações do Deutsche Bank, da Alemanha, o maior banco da Europa, foi de 39.1%. A do Credit Suisse foi de 37.4%. No tocante aos demais bancos listados as quedas de ativos andaram bem próximas dos índices acima apontados.

Alguma coisa bastante grave anda, na verdade, rolando no cenário econômico mundial. Nem tudo que acontece vem sendo, entretanto, trazido ao conhecimento da opinião pública brasileira pelos órgãos de comunicação social.


Uma tragédia sem fim

Cesar Vanucci

“Triste sinal dos tempos: milhares de pessoas protestaram nas ruas e nas redes sociais contra estupro que não houve. Esse foi mais um lance dramático contra a acolhida aos refugiados no território europeu”
(Antônio Luiz da Costa, educador)

Organizações humanitárias engajadas em operações de socorro, tomadas de estupefação e angústia, constatam que o sofrimento e as provações dos refugiados não cessam nunca.  Nem quando nos casos em que o almejado asilo se lhes é concedido.

Já somam mais de dois milhões as indefesas criaturas imersas nessa “via crucis” sem desfecho à vista. Elas foram expulsas pelos horrores das guerras e da miséria dilacerante que tomou conta de seus territórios e reduziu a escombros seus lares. Sobreviveram a travessias marítimas traiçoeiras. Fatais, como documentado, para muitos de seus companheiros de desdita. Recebidas de forma quase sempre inamistosa, ou até mesmo francamente hostil, tornaram-se alvo prioritário nas discriminações, intolerâncias e desconfianças cultivadas desde sempre em muitas das regiões aportadas.

Nalguns lugares ditos civilizados houve até quem lhes confiscasse pequenos pertences, de valor financeiro relativo como simples alianças, à guisa de compensação pela “generosa ajuda”... Fazem-lhes ver, não poucas vezes, que não são nem um tiquinho bem-vindas. Tratados como párias, os refugiados colocam-se sob o fogo cerrado de acusações torpes e mesquinhas, produzidas por discursos xenófobos e racistas, frequentes em tempos de agora  no cenário político europeu.

Não bastasse tudo isso, já não se mostrasse insuportável a carga volumosa de infortúnios carregada sobre os ombros arqueados, os refugiados estão sendo compelidos a confrontar ainda, consoante denúncias das organizações humanitárias, inesperado e atordoante problema que representa libelo arrasador aos padrões civilizatórios de que o mundo contemporâneo tanto se jacta.

A revelação estarrecedora transmitida diz o seguinte: mais de dez mil menores encontram-se, no presente momento, em locais incertos e não sabidos, desapartados por inteiro do convívio dos pais ou responsáveis. Muitas as hipóteses levantadas a respeito dos extravios. Terão sido sequestradas? Estarão em poder de pessoas que não sabem lidar com a questão de seu reencaminhamento a quem de direito? A terrível situação é consequência direta da desorganização, dos embaraços burocráticos e de outros fatores adversos eclodidos em meio ao turbilhão do processo das adaptações migratórias que ocorrem na Europa. Existe fundado temor de que parte dos inocentes seres humanos, perdidos em ambientes onde prevalecem hábitos e idiomas diferentes dos seus, possa ter sido capturada por máfias que exploram o lenocínio e outras atividades ao arrepio da lei. Essa história dolorosa, com divulgação de certo modo comedida na mídia internacional, configura um drama asfixiante inserido numa tragédia que enche o mundo de aturdimento, comoção e pavor, qual seja o êxodo dos milhões de cidadãos escorraçados pela insanidade humana.

E por falar em insanidade humana, vejam só o que aconteceu recentemente na Alemanha num movimento amplo de repulsa a imigrantes muçulmanos articulado por partidos radicais, de tendência nazista. Falso lance de estupro inspirou uma manifestação hostil aos refugiados. Garota de 13 anos desapareceu de casa por quase dois dias. Ao ser localizada, contou ter sido violentada por dois homens de aparência norte-africana. As redes sociais fervilharam de indignação e milhares de cidadãos inconformados com a política de acolhida aos imigrantes resolveram sair às ruas em sinal de protesto. Descobriu-se, mais tarde, que a história do estupro era improcedente. A menor havia apenas resolvido não voltar pra casa devido à circunstância de haver sido repreendida por comportamento inadequado na escola que frequentava.  Isso aí!

Os lucros do petróleo

Cesar Vanucci


“Existe uma perigosa relação nossa com a família real saudita.”
(Roberto Bowman, diretor do programa  “Guerra nas Estrelas” em duas administrações estadunidenses)

Há alguns dias andei utilizando este “minifúndio de papel” (tomando emprestada a expressão empregada com constância pelo saudoso Roberto Drumond) para reproduzir texto escrito sobre momentosa questão de anos atrás que conservou frescor de atualidade. Repito agora a dose.

O artigo que submeto na sequência à clarividente apreciação dos leitores diz respeito a uma situação considerada, não é de hoje, por experimentados analistas da conjuntura geopolítica, o “x” da questão nessa baita confusão das arábias reinante no Oriente Médio, onde a Arábia Saudita desponta como protagonista rodeado de suspeições. Foi publicado em fevereiro de 2002. Dizeres abaixo.

Em recente depoimento, um personagem acima de qualquer suspeita fornece novos e preciosos subsídios à avaliação do perigo representado pelo fundamentalismo saudita, beneficiado pela conivente cobertura dos Estados Unidos. Trata-se de Roberto Bowman, frequentador há dezenas de anos dos bastidores da política externa em seu país. Ele tem estado em constante contato com os segredos e estratégias do Pentágono e Casa Branca. Foi diretor do “Guerra nas Estrelas”, nas administrações Ford (74-77) e Carter (77-81). PHD em engenharia aeronáutica e nuclear, dirigiu o ultrassecreto Departamento Nacional de Reconhecimento de Satélites e Espionagem. Presidiu, ainda, até 1999, o Instituto de Estudos para o Espaço e Segurança. Não bastasse tudo isso, acumulou um estoque de medalhas, por haver participado de 101 missões de combate no Vietnã.

O que disse à revista “IstoÉ”, oferecendo análise panorâmica da política externa estadunidense, é impressionante. Vamos reproduzir a parte em que fala do estranho e dúbio comportamento da Arábia Saudita.

Roberto Bowman com a palavra: “Dentro da perspectiva atual dessa guerra (Afeganistão), nós, americanos, deveríamos tratar esses terroristas como criminosos comuns e trazê-los para serem julgados aqui nos EUA ou em uma corte internacional. Entrar numa guerra como essa é desaconselhável, porque eleva os terroristas ao status de guerreiros, o que eles não são. (...) O que não está sendo feito são as medidas de longo prazo que envolvem acabar com as razões pelas quais somos odiados. Isso significa resolver nossa dependência do petróleo do Oriente Médio, além de promover alternativas energéticas nos EUA. Feito isso, poderíamos mudar nossa política externa na região para não ter que apoiar ditaduras como a da Arábia Saudita. Não teríamos que apoiar nenhum governo de Israel que violasse os direitos dos palestinos. E seríamos capazes de ter uma política externa em que não tivéssemos que colocar os direitos humanos dos árabes, especialmente das mulheres, abaixo dos lucros das companhias de petróleo.”

E mais adiante: “As tropas americanas na Arábia Saudita são uma ofensa ao povo muçulmano. (...) A guerra contra o Iraque foi fabricada. (...) Levamos Saddam Hussein a invadir o Kuait. Fizemos uma armadilha para que ele caísse e depois, quando ele concordou em sair, nós não o deixamos. (...) Existe uma perigosa relação entre os EUA e a família real saudita. Nossas tropas não estão ali para defender os interesses das populações dos países na região, mas preocupadas com os lucros do petróleo.”




A SAGA LANDELL MOURA

O instinto belicoso do bicho-homem

                                                                                                     *Cesar Vanucci Faço um premente a...